Mercado de Câmbio Brasileiro: Entenda como funciona

O mercado de câmbio brasileiro tem algumas características importantes que são responsáveis por moldar o mercado de derivativos. As características mais importantes são: a não conversibilidade da moeda e a existência de dois mercados para negociação do dólar. 

A não conversibilidade da moeda implica que o mercado de câmbio brasileiro não é aberto. Logo, todas as operações envolvendo o Real e outras moedas estrangeiras registradas no Banco Central. 

Similarmente, você não pode realizar operações financeiras no Brasil que liquidem em uma moeda diferente do Real. Afinal, você não poderia manter contas em Real no exterior.

No Brasil, existem dois mercados para negociação do dólar à vista, o primário e o secundário. Cuja principal diferença reside nos participantes que atuam em cada mercado. 

Mercado de câmbio primário

Inicialmente, é o mercado onde você está habituado a negociar transações envolvendo moedas do exterior. De um lado, você pode comprar moeda estrangeira para importador bens e serviços, investir ou até mesmo quitar dívidas em operações financeiras em moeda estrangeira. Ainda, você pode vender moeda estrangeira para exportar, receber investimentos ou fornecer serviços.

Já do outro lado, bancos que podem vender ou comprar a moeda estrangeira do cliente. No mercado primário encontraremos as operações de Câmbio Pronto, Futuro (Travas).

Mercado de câmbio secundário

Também conhecido como mercado interbancário, com ele os bancos negociam entre si as operações de moedas estrangeiras. O interbancário é o meio mais comum dos Bancos criarem divisas em suas contas no exterior. 

No mercado primário existe a efetiva entrada e saída de divisas do Brasil. Já no secundário, isso não ocorre no interbancário. O trânsito da moeda estrangeira ocorre inteiramente no exterior. A liquidação poderá ser pronta, futura ou a termo.

Esse modelo de funcionamento do mercado de câmbio brasileiro tem como principal beneficiário, o governo brasileiro. Ou seja, isto lhe confere enormes poderes no sentido de restringir ou liberar os fluxos cambiais. Todavia, prejudicando ou beneficiando determinados setores da economia.

Mercado de Dólar Futuro

Com isso, o grande controle das operações, a segregação dos mercados e a burocracia gerada, fizeram com que a maior parte das operações de câmbio migrasse para o mercado de futuros da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F). 

Na BM&F, todos os agentes operam no mesmo mercado e de forma sigilosa. A maior concentração de agentes favorece a liquidez e a formação de um preço mais justo. Hoje em dia, quando um banco fecha uma operação com um cliente no mercado primário, ele não se zera imediatamente no mercado secundário. A trava é feita no mercado futuro, devido a sua maior liquidez. 

Caso você fosse residente de um país cujo tem moeda conversível, você estaria em um mercado com mais liquidez. São exemplos de moedas conversíveis:

  • Dólar Americano
  • Euro
  • Yen
  • Dólar Australiano

Acima de tudo, o mercado de dólar à vista é tão ou mais líquido que o mercado futuro. Pois todos os agentes têm acesso ao mesmo mercado e a burocracia para a liquidação das operações é muito menor.

Mercado de Dólar Casado

Quando um banco trava uma operação realizada no mercado primário de câmbio, assumindo uma ponta oposta no dólar futuro da BM&F, ele ainda assume determinados riscos de taxa de juros que para serem zerados implicam numa mudança de instrumento por parte do banco. Definitivamente, ele precisa migrar do dólar futuro para o dólar à vista. 

Essa necessidade constante dos bancos fomentou no Brasil o surgimento do mercado de Dólar Casado. O mercado de Dólar Casado negocia o diferencial em pontos entre o dólar à vista, para liquidação em D+2, e o dólar futuro. 

Em geral, o futuro de referência é o do primeiro vencimento da BM&F, com exceção do último dia do mês quando o CASADO passa a ser negociado contra o segundo vencimento.

Quando um banco fecha uma operação de CASADO, portanto, ele assume uma ponta no dólar futuro e uma ponta oposta no dólar à vista, reduzindo os riscos de uma eventual transferência de uma posição de um mercado mais líquido para outro de menor liquidez. 

Desse modo, o mercado de CASADO é, atualmente, responsável pela maior parte das operações realizadas no mercado secundário. Por esse motivo, ao contrário do que acontece nos 16 casos das moedas conversíveis, a cotação do dólar à vista. Assim sendo, no Brasil é formada a partir da combinação do dólar futuro e do CASADO.

Mercado de PTAX (FRP – Foward Points) 

Em suma, a PTAX é a taxa de câmbio de referência para o dólar no Brasil. É o Banco Central que calcula ela diariamente. Ele faz, portanto, 4 consultas diárias com as instituições financeiras intermediárias (10h, 11h, 12h e 13h). Então ele elimina as taxas mais discrepantes e calcula uma média aritmética da taxa de compra e de venda. Você pode acompanhar a PTAX pelo site do Banco Central do Brasil.

Câmbio brasileiro

Por último, o contrato de FRP0 negocia, portanto, o diferencial de pontos entre a PTAX formada no próprio dia e dólar futuro curto. Por exemplo, se você comprar um contrato de FRP0 ao preço de 10 pontos e a PTAX do dia for 1,780, no final do dia é como se você tivesse comprado um contrato de dólar futuro curto ao preço de 1,790. Esse contrato, finalmente, é largamente utilizado para zerar exposições a PTAX.

Conclui-se, portanto, que essa exposição é comum nos contratos de derivativos cambiais. Isto pelo fato de o Real não ser uma moeda conversível. Sendo assim, a grande maioria dos contratos de derivativos cambiais é liquidada pela PTAX. Logo, gerando uma exposição para os bancos quando os derivativos não vencem junto com os contratos de dólar da BM&F. Dessa forma você também pode negociar o FRP1 na BM&F. Nesse sentido, a única diferença em relação ao FRP0 é que ele negocia o diferencial da PTAX do dia seguinte em relação ao futuro curto.

Jonas Halmenschlager

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